quarta-feira, 18 de maio de 2011

Má qualidade do ar afeta a saúde de seu corpo inteiro

Poluentes atmosféricos podem causar até AVC e infarto!

 Em especial nas grandes metrópoles, a má qualidade do ar que respiramos é preocupante. Especialistas a indicam como uma das grandes vilãs responsáveis por doenças não apenas respiratórias, mas também cardiovasculares.

A queima de combustíveis fósseis libera uma série de partículas prejudiciais à saúde e, quanto menor elas são, mais perigosas. O pneumologista Marcos Abdo Arbex, da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, explica que são elas que atravessam os pulmões, chegam aos alvéolos e, finalmente, à corrente sanguínea. Como resultado, essas partículas finas produzem processos inflamatórios no organismo inteiro.

Entre os gases poluidores, podemos destacar o ozônio, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre. Em dias de luz solar intensa, o ozônio se destaca, o que faz com que esses dias sejam mais nocivos que os demais. Quando a umidade relativa do ar é considerada baixa, o perigo também aumenta. Com pouca umidade, os gases pairam por mais tempo na atmosfera, que fica com grande concentração de poluentes.

Complicações vão de doenças até aborto

Quem mais sofre com o ar ruim são os portadores de doenças respiratórias, como asma e bronquite, que acabam sofrendo mais com as crises. Além disso, a poluição também tem relação com o aumento da ocorrência de outras doenças cardiorrespiratórias, como arritmia cardíaca, aumento das crises de hipertensão, infarto do miocárdio, arteriosclerose, angina, AVC e outros males ligados à diminuição da circulação sanguínea. A incidência de câncer de pulmão também tem relação com essa má qualidade do ar.


Também há consequências mais obscuras. A poluição do ar em grandes centros afeta a quantidade de abortos espontâneos. Cerca de quatro mil bebês morrem por ano em São Paulo por conta da má qualidade do ar respirado pela mãe. "O aborto acontece por causa da diminuição da circulação sanguínea na região do útero, por conta dos processos inflamatórios provocados pelas partículas de poluição", explica Arbex. Já os bebês que sobrevivem, podem nascer com peso baixo pelo mesmo motivo.

Há, ainda, o prejuízo estético. O dermatologista Claudio Mutti conta que o ato de respirar ar de má qualidade aumenta a produção de radicais livres no organismo, o que é fator importante no envelhecimento precoce. O ar poluído também aumenta a incidência de acne, uma vez que obstrui os poros e favorece a proliferação de bactérias.

Para reduzir a produção de radicais livres, o dermatologista aconselha a ingestão de antioxidantes e vitaminas C e E, que podem ser obtidos tanto na alimentação quanto em suplementos alimentares. 

Perigo também vem de dentro de casa

Infelizmente, nem o conforto do lar pode garantir um ar de boa qualidade. Em casos específicos de pessoas que moram ao lado de vias movimentadas, o ar externo acaba invadindo o meio interno e a quantidade de ar nocivo respirada equivale a três cigarros fumados por dia, segundo Arbex.

Ao mesmo tempo, o sistema de refrigeração, que permite que o ar interno seja totalmente diferente do externo, pode ser prejudicial da mesma forma. Isso acontece quando o sistema de ventilação falha na troca de ar externo e interno e, sem renovação de ar suficiente, acumula substâncias químicas e biológicas, como o formaldeído - gás presente em tintas, colas, verniz e até impressoras-, fungos e o próprio gás carbônico resultante da respiração.

Nesse caso, não somente as pessoas podem adoecer, mas o próprio prédio: a chamada "Síndrome do Edifício Doente", batizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1982. Quando o edifício "adoece", quem está nele sofre as consequências.

"Muitas vezes, a pessoa sente uma série de sintomas sem causa específica, como fraqueza, dificuldade de concentração, dor de cabeça, irritação de olho e nariz, falta de ar e redução da produtividade, mas nenhum exame laboratorial detecta doença alguma. Ela não está doente, é o edifício", elucida Arbex. Ele completa dizendo que, quando 20% das pessoas que frequentam um prédio enfrentam esses sintomas, pode-se considerar o edifício doente.
 

Amenize os efeitos da poluição em sua saúde

Para um prédio doente, basta consertar o sistema de ventilação. E para um cidadão doente, ou melhor, milhões deles? "Ou o governo investe massivamente em transporte público ou esses níveis de poluição aumentam e continuam matando pessoas", alerta Arbex. Sua declaração é justificada pelo fato de os grandes vilões do ar serem os veículos que usam combustíveis fósseis, como gasolina. Ao diminuir o número de carros na rua, haverá diminuição de poluentes na atmosfera.

Hábitos diários também podem amenizar os efeitos da poluição do ar em seu organismo. A dica de Arbex é evitar fazer exercícios físicos perto de grandes vias, onde o tráfego de veículos é intenso. Se você for adepto da atividade física ao ar livre, evite praticá-la em dias muito ensolarados e secos, em especial das 10h às 16h, quando os poluentes são mais abundantes na atmosfera.
 

 

Por Ana Paula de Araújo 

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